A Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Ponte Nova não tem medido esforços para apoiar os municípios de sua área de abrangência no enfrentamento das arboviroses (dengue, zika e chikungunya). O Levantamento Rápido de Índices para Aedes Aegypti (LIRAa) aponta que cinco deles apresentam alto índice de infestação, ou seja, acima de 3,9%: Diogo de Vasconcelos (4,6%), Santo Antônio do Grama (5,6%), São José do Goiabal (5,6%), Rio Doce (4,4%) e Dom Silvério (4%). Para tanto, agentes de Saúde Pública do Ministério da Saúde (MS) integrados ao quadro de servidores da SRS têm acompanhado de perto as localidades mais críticas, a fim de auxiliar os técnicos municipais com capacitações e verificação dos trabalhos in loco.
Comitê Regional de Enfrentamento das Arboviroses discute indicadores e estratégias de apoio aos municípios mais
Comitê Regional de Enfrentamento das Arboviroses discute indicadores e estratégias de apoio aos municípios mais críticos .
Outra ação paralela foi a realização, em 17 de março, de reunião por videoconferência promovida pelo Núcleo de Vigilância Epidemiológica (Nuvep) para tratar do cenário epidemiológico das arboviroses e alinhar condutas conforme Plano Nacional de Controle da Dengue e Plano Estadual de Contingência das Arboviroses Urbanas. Participaram do encontro coordenadores municipais e técnicos das áreas de Vigilância em Saúde, Epidemiologia e Atenção Primária, referências em Mobilização Social e Endemias, além de membros dos Comitês Municipais de Enfrentamento das Arboviroses.
Na ocasião, a referência técnica Paloma Aparecida Costa Gesualdo apresentou o cenário epidemiológico de Minas Gerais, o número de casos prováveis de dengue notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) no âmbito da SRS Ponte Nova, assim como orientações acerca de diagnóstico e manejo clínico. Na sequência, mencionou as Diretrizes para Organização dos Serviços de Atenção à Saúde em Situação de Aumento de casos ou de Epidemia de Dengue no Estado de Minas Gerais, da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), e as Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue, do MS. “Tais publicações auxiliam as secretarias municipais de Saúde a melhorar a estrutura dos serviços de saúde, a reduzir a morbi-mortalidade, bem como a orientar a revisão dos planos municipais das arboviroses. Dessa forma, elas nos dão subsídios para minimizar o problema e reduzir o impacto sobre a saúde da população”, frisou Paloma.
Resolução
A segunda parte do encontro foi destinada à Resolução SES-MG 7.733, de 22 de setembro de 2021, que institui as ações estratégicas e o repasse de incentivo financeiro aos municípios para auxiliar no enfrentamento das arboviroses. “O somatório de recursos destinados aos 30 municípios vinculados à SRS Ponte Nova é de R$ 1.064.902,80, ou seja, mais de um milhão de reais destinados ao fomento de estratégias de prevenção, contenção da proliferação do mosquito Aedes aegypti e qualificação da assistência aos pacientes”, contabilizou Paloma.
Dentre as ações estratégicas, nos termos da Resolução, contempla-se a elaboração ou revisão do Plano Municipal de Contingência de Arboviroses (PMC), destinado a planejar as ações e preparar os serviços de saúde diante de possíveis epidemias de doenças transmitidas pelo Aedes. “O plano não pode estar apenas no papel. Ele tem que ser colocado em prática para nortear e embasar todo o trabalho de prevenção e controle, evitando adoecimentos e a ocorrência de óbitos causados pelas arboviroses”, frisou a referência.
Outra ação elencada na Resolução é a implantação do Comitê Municipal de Enfrentamento das Arboviroses. De composição multissetorial, ele tem como competência a proposição de estratégias de combate ao mosquito transmissor, entre as quais: atividades de educação em saúde e mobilização social; execução de ações de controle vetorial com base em indicadores epidemiológicos; atuação conjunta com diversas áreas, dando suporte às atividades dos agentes de controles de endemias e agentes comunitários de saúde; divulgação ampla de conteúdos de prevenção e controle das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, dos resultados das pesquisas (LIRAa/LIA), entre outras, por meio de veículos de comunicação e espaços como escolas, creches, feiras livres, igrejas, associações etc. “A mobilização social é fundamental nesse processo. Ela tem como principal função a divulgação de informações e a articulação entre organizações e sociedade, conclamando a população a auxiliar o poder público na prevenção e no controle das arboviroses em seus territórios”, destacou.
Comitê Regional
Outro braço de atuação da SRS é o Comitê Regional de Enfrentamento das Arboviroses (Crea), composto por representantes regionais de diversos setores e também dos municípios, por meio do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems). Conduzidas pela coordenadora de Vigilância em Saúde da SRS, Maria Goretti de Sena Fernandes, as reuniões visam acompanhar rotineiramente os indicadores municipais relacionados às arboviroses, sobretudo nas localidades com maior risco para epidemia ou os que já se encontram em alta ou muita alta incidência para arboviroses.
“Fazendo uma retrospectiva do cenário das arboviroses e da atuação da SRS, lembro da ocorrência de quatro grandes epidemias de dengue em 2010, 2013, 2016 e 2019. Isso nos leva a crer que 2022 será um ano crítico, levando-se em consideração o espaço de três anos entre as epidemias”, mencionou acoordenadora, complementando que o extenso período de chuvas entre dezembro de 2021 e fevereiro de 2022 favoreceu a criticidade do cenário. “Por isso, é extremamente importante o papel do Comitê Regional, em consonância com os Comitês Municipais, para que possamos conhecer o perfil epidemiológico de cada local, discutir estratégias, trocar conhecimentos técnicos e direcionarmos nossos esforços”, disse.
Por Tarsis Murad
Foto: Tarsis Murad